domingo, 28 de fevereiro de 2016

Identidades Quebradas - Violência no Namoro





Os números são alarmantes e requerem total atenção por parte de toda a sociedade. 
Em Portugal, um em cada quatro jovens ou adolescentes são ou já foram vítimas de violência no namoro

Este flagelo tem de ser travado e para tal é urgente que TODOS prestemos atenção aos primeiros sinais de violência entre os casais de namorados. 

Violência no namoro é considerado um crime público e provoca cicatrizes profundas na identidade e auto-conceito da vítima
Urge também considerar a importância de ajudar o agressor. Também este precisa de orientação e reenquadramento social e emocional. 

Neste jogo de ligações perigosas e altamente fragilizadoras, é importante sublinhar que o  AMOR reveste-se de cuidados, afetos, ternura e respeito! AMOR não significa poder, nem controlo, nem humilhação!


Principais formas de violência no namoro: 

  • maus tratos físicos e/psicológicos;
  • abusos e violência sexuais;
  • humilhações, perseguições, ameaças;
  • controle intencional através de intimidações (este controlo muitas vezes é exercido através de constantes mensagens de telemóvel e das redes sociais);
  • ciumes excessivos e sentimento de posse;
  • isolamento dos amigos e da própria família da vítima;


Inicialmente, quase todas as relações amorosos, onde tais comportamentos ocorrem, assumem estes fatos como naturais e até mesmo reveladores do amor do parceiro. 
A crença "Afinal se tem ciumes é porque gosta de mim!" está instalada no contexto popular e por vezes assume-se como "lobo com pele de cordeiro". 
Nestes casos é urgente denunciar e pedir ajuda!

A violência no namoro desfoca a capacidade de autonomia, fragiliza e gera total insegurança, enclausurando a integridade física e psicológica


Principais sintomas manifestados pela vítima:

  • ansiedade;
  • sentimento de culpa;
  • choro fácil;
  • tristeza e apatia;
  • baixa auto-estima e baixo auto-conceito;
  • perda de apetite;
  • hematomas no corpo ou no rosto;
  • isolamento dos pares e da família;
  • baixo rendimento escolar e dificuldades de concentração; 
  • gravidez na adolescência;
  • e numa fase mais avançada pode mesmo conduzir ao suicídio. 

É fundamental apelar à responsabilidade da sociedade para a realidade cruel desta situação! A prevenção e a intervenção são fundamentais no combate à violência no namoro!

O sentimento de vergonha e muitas vezes a desvalorização da própria vítima, conduzem a um sistema cíclico no qual a violência tende a ser cada vez mais rebuscada e intencional

Para as vítimas que não conseguem pedir ajuda aos amigos ou a adultos de confiança, existem várias entidades nacionais que podem ser contatadas e que se regem pelo princípio da confidencialidade. 

Se és vítima ou conheces alguém que é, deves DENUNCIAR





Contatos úteis: 



  • APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima) 
  • http://www.apav.pt/ 

  • Linha de Emergência Nacional – Serviço telefónico gratuito, através da linha 144-
  •  http://www.seg-social.pt/linhas-de-apoio

  • Linha Telefónica de Informação às Vítimas de Violência Doméstica -  contato telefónico: 800 202 148










    domingo, 21 de fevereiro de 2016

    5 dicas para não educar um Super-herói

    Crianças e adolescentes super-heróis, fazem mil e uma coisas  simultaneamente e estão em diferentes locais em curto espaço de tempo. Não desfrutam dos momentos, nem das vivências entre amigos ou família!

    Super-heróis não discutem, são seres "perfeitos" que aparecem do nada nos momentos certos e sempre para salvar os outros

    Não têm tempo para amar, nem para falhar, nem mesmo para crescer! 
    Super-heróis têm muitos talentos e super poderes...São tudo ao mesmo tempo e tão pouco na realidade!

    Os super-heróis são personagens fictícias! Não são crianças, nem adolescentes ou  adultos! 






    Este artigo de opinião surge da necessidade de refletir conscientemente sobre a proposta da nova alteração de horário nas escolas...partilho 5  dicas para não educar um  filho super-herói!

    1. Abolir Famílias TIC TACA família funciona como território  apaziguador, tranquilizante e reestruturante. Ao final de cada dia, após momentos de diferenciadas aprendizagens na escola, a família deve ocupar o seu espaço de partilha, sem atropelos e correrias. Será que após mais de 10 horas diárias na escola, existirá disponibilidade e vontade para esta partilha, quer por parte dos filhos, quer por parte dos pais?

    2. Aplicar a lei da almofada reconfortante. O sono recomenda-se e é dos melhores remédios para a agitação e dificuldades de concentração! Uma criança e/ou adolescente que não descansa o suficiente, dificilmente estará desperto  e motivado para novas aprendizagens. Para compreendermos a importância do descanso noturno solicita-se uma pequena reflexão:
    - Como se sente pela manhã quando não dorme o tempo necessário? Agitado? Cansado? Sem muita paciência?...Assim também se sente o seu filho...


    3. Criar o bolso dos cartões mágicos. Sim refiro-me aos limites e à sua importância na educação de uma criança/adolescente! Imagine que dispõe de três cartões de cores diferentes. Um verde, um vermelho e um amarelo. A vida também funciona desta forma. Uma educação saudável e equilibrada regula-se através de limites firmados pela consistência do amor em família. Somente deste modo poderemos educar sustentados pelo sentido de autonomia, responsabilidade e respeito. 

    4. Explorar talentos pessoais. Todos somos diferentes e possuímos talentos únicos e mágicos! Os talentos devem em primeiro lugar ser auto-motivadores e promotores de auto-estima. Incentivar os filhos a desenvolver um talento de referência para os outros, funcionará como trampolim para a fácil desistência e auto-anulação. 
    Os talentos devem ser explorados nos locais próprios, em família e em momentos calmos e não após um dia de aulas!

    5. Esticar o elástico. Pois é, a vida funciona exatamente como um elástico. Podemos escolher esticar o elástico e ir alargando a nossa "base de dados" emocional e experiencial ou por outro lado podemos optar por não mexer no elástico deixando-o frouxo, sem crescimento e ausente de novas experiências. Prolongar o horário escolar funcionará claramente como o fraquejar do elástico da vida das nossas crianças e jovens.  

    Assim, termino o artigo reforçando a ideia: É fundamental "arregaçar as mangas" e recusar a  educação de Super-heróis!


    Mara Guerreiro
    Psicóloga Clínica/Orientadora Educacional

    Agrupamento de Escolas Silves Sul