Regresso ao Pré-escolar.
E agora, como devo preparar o meu filho?
Brincar, saltar, correr,
aprender, socializar, valorizar e sentir, são algumas das palavras que associamos sempre que é abordado o tema da aprendizagem e crescimento infantil.
Neste momento, estas são também as palavras
que assombram o pensamento de muitas famílias e profissionais da educação,
agora que se prepara o regresso ao ensino pré-escolar, no próximo dia um de
junho.
Nesta nova fase escolar e
depois de um período de isolamento social e do gradual processo de
desconfinamento, chegou o momento de voltar à escola. Chegou o momento de
transpor o muro dos afetos para finalmente brincar com os amigos, escutar
a palavra terna do educador, o gargalhar do assistente operacional e
sonhar com a história alegre contada pelo animador.
Com todas as mudanças que
se impõem para naturalmente garantir a segurança e bem estar das crianças e
da comunidade educativa, será que existe alguma hipótese de colorir este caminho
de regresso com tons alegres, como as cores do arco-íris que tanto nos
brindaram de esperança nos momentos mais cerrados do isolamento social? Ou será
que continuaremos a considerar este processo de retorno à “nova” realidade escolar
como negro ou salpicado de tons cinzentos?
Uma coisa é certa, realmente
vão existir procedimentos novos, rotinas diferentes, mas a essência
da educação brindada de afetos e emoções continuará a existir e nesta fase
vamos aprender e ensinar a sorrir com os olhos e a abraçar
com o coração.
É perfeitamente natural experimentar
uma sensação de “nó no estômago”, ansiedade e receio pelo processo emotivo
e social que se avizinha. Na verdade, o lugar especial onde outrora as nossas
crianças gostavam de brincar, de explorar emoções e criar aventuras…é agora um
espaço abarcado por novas regras que parecem beneficiar a saúde em detrimento
do brincar e dos efetos, mas será possível dissociar bem-estar e emoções?
Muito se escreve, muito se
lê, muito de diz e muito se contradiz em relação a este tema, efetivamente o
regresso ao pré-escolar é controverso. A verdadeira base da escola é a
socialização, a promoção dos afetos e da ligação com os outros: crianças e adultos.
Vários estudos indicam com clareza que o processo de
aprendizagem está intimamente ligado e é nutrido pela qualidade das relações
estabelecidas com os outros, pelo brincar, explorar, criar e pela gestão das emoções.
Para um regresso o mais
tranquilo possível ao pré-escolar é então muito importante esclarecer qual o
papel da família e dos profissionais integrantes no ensino pré-escolar.
Na família a criança aprende
a enfrentar desafios, a saborear conquistas e a abraçar a vida, assim para um retorno
calmo, ancorado em memórias felizes e curiosidades otimistas cabe aos pais
explicar de forma tranquila e com uma linguagem simples e clara algumas
novidades.
1. Utilização de máscaras por parte dos
adultos. É essencial prevenir a surpresa das crianças em relação à imagem
visual dos adultos que já conhecem e com os quais deverão ter uma ligação
afetiva segura. Cabe aos pais explicar que por motivos de segurança, tal como o
pai ou mãe, cobrem o rosto com máscaras quando vão por exemplo ao supermercado,
também o educador, o assistente operacional e o animador irão proteger os
meninos e meninas utilizando máscara. Aproveitem
para exemplificar e mostrar com se pode sorrir com os olhos. É igualmente importante
esclarecer que as crianças não irão utilizar máscara.
2. Baú das emoções. Os receios,
medos e angústias devem ser partilhadas no seio familiar. Assumir “fantasmas”, promoverá
a desconstrução de medos infundados, dando lugar a um sentimento de tranquilidade
e segurança no momento da transição do pai para o educador. A criança deve
exprimir as suas expetativas e sentimentos em relação ao regresso à realidade escolar.
3. A entrada na escola. É importante
clarificar que a partir do dia um de junho, o processo de entrega da criança é realizado
na entrada da escola. Esta é uma mudança que poderá causar alguma ansiedade,
deste modo, é importante esclarecer que é uma nova regra da escola.
Os pais continuam a despedir-se dos filhos, continuam a entregar os filhos ao
cuidado dos adultos que trabalham na escola e nos quais confiam, mas não existe
entrada no estabelecimento escolar.
- Os brinquedos ficam em casa. Indique que esta é uma informação dada pelo educador. Os brinquedos pessoais deverão ficar em
casa. Na escola existem muitos brinquedos com os quais poderão voltar a brincar
com os amigos.
Para auxiliar a transmissão
destas mudanças, os pais deverão transformar o momento informativo, num momento
lúdico. Podem por exemplo optar por apresentar as mudanças fazendo desenhos, ou
explorando as novas regras através de uma conversa entre brinquedos.
Na realidade o essencial é
explicar de forma clara e se possível empregando um toque de humor e diversão
às novas alterações de rotinas.
Lembre-se, a primeira etapa para a promoção da
tranquilidade parte do seio familiar e as crianças são autênticas “esponjas
emocionais” absorvendo facilmente as emoções dos adultos que as rodeiam.
E quais as informações que são
exclusivamente da responsabilidade do educador de infância?
Questões como novas atividades
que poderão surgir no contexto de sala de aula, os cuidados no contato entre crianças, as rotinas de limpeza e higienização, deverão ser aspetos a
abordar apenas pelo educador.
Neste seguimento serão adotadas
pelo profissional estratégias e modelos de comunicação mais adequados às características do grupo turma e assim em simultâneo todas as crianças terão acesso a
informações relacionadas com as rotinas da sala de aula, treinando novas habilidades e capacidades.
As crianças são autênticos mestres
na arte da adaptação. A nós adultos: pais e profissionais cabe-nos o papel de
agentes inspiradores, ensinando as nossas crianças a saborear novas conquistas
e aprendizagens, fortalecendo a capacidade de resiliência e a sua autoconfiança.
Para qualquer questão e
apoio necessário as famílias dos alunos que frequentam o ensino pré-escolar no Agrupamento
de Escolas Silves Sul poderão solicitar apoio ao gabinete de psicopedagogia através
do serviço de psicologia escolar.
Mara Guerreiro
Psicóloga
Escolar
Gabinete de Psicopedagogia
Agrupamento de
Escolas Silves Sul